quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Dirigentes foram afastados por suspeita de corrupção. Caixa deve aprovar estatuto que limita indicações políticas para comandar estatais

Nesta sexta-feira (19), a Caixa deve aprovar um novo estatuto, seguindo a nova lei de governança das estatais, que limita indicações políticas para o comando das estatais. Com isso, a escolha passa a ser do Conselho de Administração do banco e não mais do presidente da República. Nesta quarta-feira, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que todos os dirigentes do banco vão passar por uma avaliação técnica. “Em relação aos quatro vice-presidentes que estão sujeitos a esse julgamento. E, em segundo lugar, a avaliação dos demais vice-presidentes. Certamente, num determinado momento, sim, a estrutura é sempre objeto de discussão para tornar a empresa cada dia mais eficiente, o que é importante”, disse Meirelles. O afastamento dos quatro vice-presidentes foi publicado nesta quarta no Diário Oficial da União. Antônio Carlos Ferreira, ligado ao PRB, foi citado na delação de executivos da J&F como o intermediário de propina para o ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior, Pastor Marcos Pereira, do PRB. A auditoria afirma que a relação dele com o PRB “chama a atenção” e pode ensejar questionamentos na Justiça. E que, apesar de não haver prova conclusiva, as explicações não são suficientes para encerrar a investigação. Deusdina dos Reis Pereira, indicada pelo PR, é suspeita de negociar a liberação de um crédito da Caixa em troca de um cargo para ela própria na Companhia Energética de Minas Gerais - a Cemig. Auditores chamam atenção para o fato de Deusdina mostrar “preocupação com o teor de seus e-mails e o desejo de apagá-los”. Deusdina diz que, na época do pagamento das contas inativas do FGTS, a Caixa elaborou uma lista de pessoas politicamente importantes para avisá-las sobre o pagamento. Na vice-presidência de Governo, Roberto Derziê de Sant’Anna foi indicado pelo PMDB. Ele já trabalhou diretamente com Temer. A auditoria traz documentos com pedidos de Moreira Francoa Derziê sobre operações internas em trâmite no banco. Derziê nega ter repassado informações. Nesta quarta-feira, o ministro Moreira Franco falou sobre o caso. “Qualquer solicitação que eventualmente, qualquer pergunta, qualquer indagação, elas sempre estiveram no âmbito funcional”, disse. O documento menciona, ainda, José Henrique Marques da Cruz. Ele é citado em mensagens sobre operações de empresas do grupo J&F, mas a auditoria informa que são mencionados vários Henriques e conclui que não foi possível identificar um risco ao banco a partir da conduta dele. Indicado pelo Partido Progressista (PP), o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, também foi mencionado pela auditoria - que lembra que ele foi citado na delação do operador Lúcio Funaro. Não há pedido de afastamento dele, mas sim que as investigações continuem. A auditoria conclui que a prática de divisão política dos cargos “expõe a Caixa a riscos consideráveis”. O que dizem os citados Antônio Carlos Ferreira disse que é funcionário de carreira do banco há 35 anos e que sempre pautou a atuação dele na ética e na dedicação. Ele também disse que a ligação com o PRB é ideológica. Ainda segundo Antônio Carlos, a auditoria independente concluiu que não há indícios contra ele. José Henrique Marques da Cruz declarou que já abriu mão de seus sigilos e apresentou documentos esclarecendo que as mensagens investigadas não se referem a ele. Disse ainda que a nomeação dele teve caráter técnico, baseada em 28 anos de serviços ao banco, e que a auditoria independente não fez nenhuma recomendação contra ele. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, disse que não há nenhum elemento que ligue o nome dele a qualquer irregularidade. O ex-ministro Pastor Marcos Pereira declarou que as acusações contra ele são falsas e descabidas e que vai provar a inocência. Deusdina dos Reis Pereira e Roberto Derziê de Sant’Anna não quiseram se manifestar.

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