segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

SAÚDE MENTAL

Em 2013 a Gazeta do povo publicou uma matéria subscrita como: “Uma luta que continua,” nesta matéria o conceituado jornal, abordava as condições do atendimento às vitimas de sofrimento mental e drogadição. Desde então o que mudou? Será que a luta continua, ou foi esquecida? Esperava-se na ocasião por uma promessa da Secretaria Municipal de Saúde de que seria feito um diagnóstico da saúde mental em Curitiba, onde medidas seriam tomadas. A promessa era que as unidades de CAPS(Centro de Atenção Psicossocial),que na ocasião eram apenas 14, seriam aumentadas garantindo a ampliação da capacidade de atendimento, que na ocasião conforme a Gazeta era de 2,2 mil usuários, que seriam melhorados os atendimentos 24 horas e socorro a criança, e que até admitiriam pacientes da região metropolitana e cidades vizinhas que recorrem a capital. Pois bem, essas eram as promessas. E qual é a realidade? Então, hoje na grande Curitiba, existem nove unidades do Centros de Atenção Psicossocial(Caps), atendidos pelo SUS. Sendo que atualmente a estrutura de atendimentos para adultos é dividida em dois tipos: Caps AD especializado no tratamento de dependentes químicos e alcoólicos, e Caps TM, que atende pessoas com transtornos mentais. Atualmente os Caps AD contam com 5 unidades, localizadas no Bairro Novo, Boa Vista, Cajuru, CIC e Portão; E os Caps TM contam com 4 unidades, Bigorrilho, Portão, Boa Vista, e Boqueirão. A cidade também conta cos os Capsi(atendimento infantil): Boa Vista, Portão e Pinheirinho. Mas e as “MELHORIAS” prometidas? Não acabam aí o descaso da atual administração de Curitiba, pelos pacientes com transtornos mentais. O senhor Rafael Greca quer unificar os Caps AD e TM em uma única unidade, e o tal projeto já foi aprovado em novembro de 2017, pelo Conselho Municipal. Mesmo contrariando as observações da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). Que diz que há uma série de delicadezas que precisam ser reconsideradas com calma e com debate público antes da mudança. Porém o projeto já foi aprovado visando um melhor acesso dos pacientes as unidades, segundo a afirmação da superintendente Tânia Pires. Até agora apresentei dados e fatos da realidade da saúde mental em Curitiba, agora vou dar minha opinião de quem é usuária do serviço de Caps, a unidade III Boqueirão, que já teve vários endereços e faz tempo que não é no Boqueirão, mas no Xaxim. A unidade tem sérios problemas de manutenção e instalação, pisos soltos, vidros quebrados, massa de teto caindo na cabeça de pacientes e profissionais, salas de atendimento médico sem luz, falta de papel higiênico, ou toalhas de papel nos banheiros, raramente tem água ou copo descartável, obrigando a pacientes e acompanhantes a tomar numa mesma caneca, de uma única torneira de pia sanitária, de um único banheiro com apenas 3 box para vaso sanitário, para todos os pacientes e acompanhantes, no piso térreo, no piso superior, onde se encontram os leitos pelo menos tem banheiros separados, mas tem um box de chuveiro, e outros 3 de sanitário, mas só um é aberto, mas esse não é o maior problema, o mato é cortado pelos pacientes em mutirões de jardinagem e horta, nas terapias ocupacionais, sem problema, tem paciente que gosta muito de mexer com a terra, fazer horta e jardinagem é bom! Mas fazer a limpeza do terreno todo? Mas o pior é a falta de profissionais, os enfermeiros que ainda tem fazem papel de terapeutas ocupacionais(TO), as técnicas em enfermagem se viram nos trinta com o auxilio de estudantes de enfermagem, em estágio como monitores de pacientes, AD e TM que já estão em uma mesma unidade. Psicoterapia, algumas seções quando muito recomendada pelo psiquiatra, porque só tem 3 psicólogos para atender o que acontece em toda a unidade, e ainda acumular o trabalho de TO(Terapeuta ocupacional), Juntamente com a equipe de enfermagem, psiquiatras apenas dois, com uma média mínima de 80 pacientes, numa carga horaria de no máximo 16 horas semanais, ou seja a maioria dos pacientes vê seu medico entre 90 e 120 dias numa consulta de 25 minutos. E agora pacientes que não estão em leitos, não estão em surto, ou não estão apresentando risco para si e para terceiros no presente momento, já que podem entrar em crise de maneira imprevisível, ou são casos de depressão que conseguem tomar banho e escovar os dentes, estão sendo enviados para ambulatório, porque moradores de rua usuários de álcool e drogas são encaminhados para os Caps, então pacientes mentais que com medicação e família que se importa, vão para ambulatórios, se tiverem crise de pânico, ansiedade, apatia, é para procurar 24 horas, onde não tem psiquiatra ou psicólogo de plantão, onde técnicos de enfermagem já estão tão sobrecarregados que nem sabem, ou não estão nem aí se é uma pessoa com uma doença grave, ou um usuário que só esta doidão pois de um modo geral somos todos malucos. Vocês conseguem imaginar o que é para uma pessoa em pânico, ou ansiedade extrema ficar em um ambiente lotado, com crianças chorando, gemidos de dor, conversas aleatórias e tumultuadas, pessoas xingando, ou reclamando a demora no atendimento? Eu mesma respondo ninguém sabe, porque ninguém se importa, para as pessoas comuns depressão não é doença, é frescura, falta do que fazer, para religiosos extremistas, possessão de demônios, e para os que entendem que é uma doença, sabem que o melhor tratamento é no inicio e é terapêutico, não dá lucro para a indústria farmacêutica, então para que pesquisar e investir na formação e na contratação de psicólogos e terapeutas ocupacionais,(TO) se a doença em fase tratável só gera custo, daí quando o estado está avançado, as pessoas começam a se mutilar, tentar suicídio, aí ela começa ser interessante para a indústria farmacêutica, mas daí já não tem cura, só tratamento com medicamentos bem caros que a saúde publica não banca, a maioria das famílias não consegue, ou quando conseguem, os medicamentos atacam o metabolismo físico saudável gerando outras doenças, e a pessoa ou se suicida ou morre de uma doença que não tinha, causada pelas drogas farmacêuticas. Existe uma pesquisa que não é de agora, é de 2012, li numa revista antiga do Conselho de Psicologia do Paraná, enquanto esperava uma consulta, que até 2030 vai ter tanta gente com depressão, que vai haver mais morte por causa dela, do que pelas doenças degenerativas, câncer, cárdiacas, diabetes. Mas quem se importa? É tão mais fácil, julgar o maluco que se suicida, como: fraco, irresponsável, não pensou nos pais, nos filhos, que egoísta, não tinha Deus no coração, renegou a Jesus vai para o inferno o imbecil, etc, etc,etc... O que sobra de julgamento, falta de compaixão enquanto muitos pedem por socorro. Se você que leu esta matéria até o fim, e se importa, procure no Google o que é depressão, suas causas e efeitos, no mínimo vai descobrir que o cérebro deixa de produzir duas químicas importantes, portanto é uma doença! Com larga abrangência e mortalidade. Você quer que a luta continue. Se informe dê a sua opinião, e nos ajude a cobrar das autoridades, um melhor atendimento à saúde mental, e que AD e TM não sejam unificados, pois não podem ser tratados da mesma forma, nenhum profissional por melhor que seja consegue, essa unificação absurda, pode gerar sérios danos tanto para pacientes como para profissionais. Hávila Cassarotti.

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